UM BAÚ VALE MAIS QUE MIL URNAS

Silvio Santos
Silvio Santos

No ano que vem teremos eleições presidenciais no Brasil e com a multiplicidade de partidos, alguns deles sem programa, sem ideologia, criados exclusivamente para servir aos clássicos acordos de bastidores, não é difícil vaticinar o que vem por aí. Uma das trapalhadas emblemáticas da política recente ocorreu em 1989, ano em que pela primeira vez, desde 1960, foram realizadas eleições presidenciais em nosso País. Faltando 15 dias para aquele pleito até Silvio Santos resolveu entrar na disputa, e o fez pelo PMB um partido fundado pelo pastor evangélico Armando Corrêa que até aquele momento era ele próprio o candidato da sigla. Não havia ainda o sistema de urnas eletrônicas, as cédulas já tinham sido impressas e nelas constava, entre outros candidatos, o nome de Armando Corrêa, n° 26. A situação se tornou tão bizarra, que no horário eleitoral obrigatório, Silvio Santos pedia votos para si mesmo orientando, porém, os eleitores para que votassem em Armando Corrêa:

O “imbróglio” que se criou foi tão grande, que o processo eleitoral daquele ano virou piada na boca do povo. Ao votar no Francisco, você na verdade elegerá o Manoel, é o que dizia uma das propagandas. E o epílogo da aventura política de Sílvio Santos não foi menos rocambolesco que o restante do enredo, ao tentar explicar as razões pelas quais saia da disputa apenas algumas horas depois de ter se lançado candidato:

A verdade é que o TSE não gostou nada daquela confusão gerada pelo PMB e seu presidente Armando Corrêa, com risco de “melar” as eleições. Em função disso, impugnou a candidatura de Sílvio Santos sob a alegação de que o partido não havia realizado a competente convenção partidária, em nove Estados, para que fosse referendada a escolha de seu candidato. Como também não foi apresentado em tempo hábil o documento de renúncia daquele que cederia a vez para Sílvio. Este aprendeu uma lição definitiva, mil urnas não valem um único baú.

Milton Parron

Milton Parron começou a carreira em 1960 e testemunhou os grandes acontecimentos policiais, esportivos, políticos e culturais em São Paulo e no Brasil. É um dos maiores repórteres da história do rádio brasileiro.

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Milton Parron começou a carreira em 1960 e testemunhou os grandes acontecimentos policiais, esportivos, políticos e culturais em São Paulo e no Brasil. É um dos maiores repórteres da história do rádio brasileiro.

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