Abandonou a coroa na hora certa; por essa razão continua sendo rei

Pelé, o rei do futebol

Tive um chefe, nos meus tempos de aprendiz de feiticeiro, que fazia rodízio constante entre os repórteres setoristas. Era um tempo em que as emissoras de rádio, focadas no jornalismo, mantinham no mínimo 10 locais com linhas permanentes instaladas e repórteres acompanhando diuturnamente os acontecimentos em cada um deles: Aeroporto, Estação Rodoviária, Assembleia Legislativa, Câmara Municipal, Gabinete do Prefeito, Palácio do Governo, Bolsa de Valores, Central de Polícia, Departamento de Investigações, Corpo de Bombeiros, Sala de Imprensa da PM, Comando da Polícia Rodoviária, entre outros.

O normal é ter um setorista fixo em cada posto, porém o normal nem sempre é o racional dizia o referido chefe que, para não criar vínculos de amizade entre os repórteres e os chefes e funcionários de cada setor, e isso normalmente interfere na correta informação, estabeleceu o citado rodízio. Hélio Ribeiro, civilmente registrado José Magnoli, um dos magistrais apresentadores do rádio, em 1976, ao entrevistar Pelé em seu programa na Bandeirantes, O Poder da Mensagem, recordista de audiência no horário, na abertura da conversa corroborou e deu o devido embasamento involuntário, à decisão de meu antigo chefe acima descrita:

Pelé, assim tratado em todos os idiomas conhecidos embora seu nome verdadeiro seja Edson Arantes do Nascimento, parou na hora certa, no auge da fama e do seu ótimo futebol, contribuindo para que ainda hoje, 45 anos decorridos de sua aposentadoria, continue aclamado como rei. Recebeu todos os troféus possíveis e imagináveis, e à todos fez jus.

Hélio Ribeiro, histórico radialista

A propósito, parafraseando Hélio Ribeiro, que também foi distinguido com todos os prêmios destinados aos profissionais do rádio, “as pessoas razoavelmente inteligentes sentem-se muito mais incomodadas com os prêmios que lhes são atribuídos quando a eles não fazem jus, que os prêmios que merecem e não lhes são conferidos”.

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Milton Parron

Milton Parron começou a carreira em 1960 e testemunhou os grandes acontecimentos policiais, esportivos, políticos e culturais em São Paulo e no Brasil. É um dos maiores repórteres da história do rádio brasileiro.

1 comentário

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  • Caro Milton,

    Tenho 66 anos e minha infância/mocidade foram daquele menino que fazia lição de casa ouvindo as rádios Nacional, Américas, Difusora, Tupi e Bandeirantes… Essa última a gente continuava ouvindo no caminho para a escola, não por um aparelho portátil, mas pelo som dos rádios que ficavam nas janelas dos lares do caminho e bares que tinham um tipo modelo de aparelho promocional, com a marca da Bandeirantes no tecido ortofônico desses rádios.

    Pra mim foi a maior invenção do século XX, tanto que hoje acabei ficando com alguns modelos dos anos 30, 40 e 50 com ondas curtas, sendo minha principal fonte de entretenimento / informação.

    Nesse programa #104 do Memória, tirei uma angústia que carregava desde menino, por não entender do porque o Santos através de Pelé, sempre vencer de forma humilhante as partidas contra o “meu Corinthians” nos anos 60 e 70? Após ouvir esse post, pra mim fica claro que a violência contra o Pelé nesse jogo do Timão contra a Seleção Brasileira teve muito a ver com isso! Estou certo?

    Outro fato pitoresco que já havia ouvido, mas julgava como folclórico, foi o da partida amistosa da seleção contra a Fiorentina, onde o Mané extrapolou em suas “pixotagens” malvadezas com seus marcadores que enfureceram o Feola e o deixaram de fora das primeiras partidas da Copa de 58!

    A história do rádio comprado pelo Mané que não falaria em nossa língua quando chegasse ao Brasil, também julgava como folclore… com base nas entrevistas de pessoas que participaram daquela seleção / comissão técnica. E parece que foi verdadeira, mas que não chegou a ter a sua “venda” feita…. rsrs.

    Parabéns pelo trabalho e vamos te seguindo (ouvindo)

    Grande abraço!

Milton Parron começou a carreira em 1960 e testemunhou os grandes acontecimentos policiais, esportivos, políticos e culturais em São Paulo e no Brasil. É um dos maiores repórteres da história do rádio brasileiro.

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