Nelson Gonçalves, show de profissionalismo e solidariedade

Cantor durante entrevista realizada na capital paulista em 1975.
Foto: AE/Arquivo
Nelson Gonçalves, um dos maiores cantores do Brasil, vendeu 75 milhões de discos até sua morte em abril de 1998 e perdia apenas para Roberto Carlos que à época tinha vendido 100 milhões de cópias. A volta do boêmio, Doidivana, Hoje quem paga sou eu, Vermelho 27, Maria Betânia, Normalista, Caminhemos, Deusa do asfalto, Renúncia, Escultura, Última seresta, Meu vício é você, Flor do meu bairro são apenas algumas das dezenas de gravações de Nelson que venderam milhões. Seus shows por todo o Brasil lotavam os locais de apresentação. Houve apenas uma exceção em toda sua carreira e não por sua culpa e sim por causa da irresponsabilidade de radialistas rivais na cidade de Natal, Rio Grande do Norte onde Nelson deveria se apresentar.

O show foi em 1977, no Palácio dos Esportes, daquela Capital, com previsão de 60 mil cruzeiros de bilheteria, mas foram tantos os boicotes, tantas as informações mentirosas de que Nelson não compareceria, de que se tratava de um golpe do promotor e coisas do gênero, que menos de 20 mil cruzeiros foram vendidos em ingressos.

Chegado o momento do espetáculo, nem mesmo aqueles que se encontravam na platéia acreditavam que Nelson Gonçalves compareceria. Ocorre que ele cumpriu sua palavra, se fez presente e junto com seu principal compositor Adelino Moreira, porém, creiam, os músicos contratados para acompanha-lo é que sumiram do mapa. Solidário com o promotor do evento e para não decepcionar a minúscula platéia sabem o que fez o maior vendedor de discos e um dos melhores cantores do Brasil de todos os tempos? Ouçam para não julgar que se trata de uma piada:

http://webcast.sambatech.com.br/002E76/account/65/14/media/audio/2c9f94b6336b8c6c01336f52d7db0363/NELSONGONCALVES.mp3

Lá pelas tantas conseguiram trazer um camarada que tocava violão e morava nas p roximidades do local onde Nelson estava cantando “a capela”. Não era um exímio violonista e, à par disso, tomado pela emoção de se ver frente a frente com seu ídolo e ainda por cima ter a honra de acompanha-lo, esse conjunto de fatores deu a todos a certeza de que, melhor seria, se Nelson tivesse continuado o show sem ninguém para acompanha-lo.

Nos próximos dias 26 e 27 deste mês de novembro no programa Memória que vai ao ar aos sábados as 23 horas com reprise às 05 da manhã no domingo, pela Bandeirantes AM, apresentaremos na integra esse show, absolutamente inusitado, de um dos maiores artistas brasileiros de todos os tempos e, de quebra, um outro show, também inédito, que Nelson Gonçalves e Angela Maria apresentaram mais ou menos na mesma época, inesquecível para os privilegiados que puderam assisti-lo.

Milton Parron

Milton Parron começou a carreira em 1960 e testemunhou os grandes acontecimentos policiais, esportivos, políticos e culturais em São Paulo e no Brasil. É um dos maiores repórteres da história do rádio brasileiro.

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Milton Parron começou a carreira em 1960 e testemunhou os grandes acontecimentos policiais, esportivos, políticos e culturais em São Paulo e no Brasil. É um dos maiores repórteres da história do rádio brasileiro.

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