Um episódio marcante na vida política nacional ocorreu em agosto/setembro de 1961 ocasionado pela renúncia do presidente Jânio Quadros, fato infelizmente caído no esquecimento e desprezado pelos historiadores, muitos dos quais escrevem sobre a nossa história por ouvir dizer, sem muito pesquisar.
Uma grave crise institucional foi desencadeada pela renúncia de Jânio e mais se acentuou quando seus 3 ministros militares resolveram, por conta própria, afrontar a Constituição tentando impedir a posse legítima do vice presidente da época João Goulart. Leonel Brizola, cunhado de Goulart e governador do Rio Grande do Sul, assumiu de pronto a liderança de um movimento para garantir a posse do vice presidente.
Um confronto pelas armas parecia mais que iminente especialmente depois que Goulart retornou ao Brasil de uma viagem oficial à China onde se encontrava quando Jânio renunciou, e sob ameaça de ser preso seu avião não pousou em Brasília e, sim, em Porto Alegre onde estaria sob proteção do cunhado e do III Exército cujo comandante, general Machado Lopes, havia aderido ao movimento em defesa da Constituição, vale dizer, da posse de João Goulart.
As comunicações na época eram precárias e mais precárias se tornaram por causa dos cortes efetuados nos principais troncos telefônicos do País, dificultando as negociações para contornar o impasse político. Foi nesse contexto que o rádio brasileiro teve um papel decisivo evitando a deflagração de uma guerra civil. Idealizada pelo próprio Brizola, foi criada a Rede Brasileira da Legalidade que se constituiu numa cadeia de dezenas de emissoras de rádio que voluntariamente passaram a transmitir as comunicações entre as duas facções, os que defendiam e os que desejavam impedir a posse de Goulart. Os chefes militares, contrários ao cumprimento da Constituição, por intermédio dessa cadeia tomaram conhecimento de que a invasão militar de Porto Alegre não seria tão simples como estavam imaginando segundo afirmações do governador Brizola:
No próximo sábado, dia 23, às 23hs00 com reprise às 05hs00 do domingo, no Projeto Memória pela rádio Bandeirantes em AM em 840 e FM 90,9, procure ouvir o primeiro de dois programas recordando a famosa Rede Brasileira da Legalidade com farto material sonoro do CEDOM – Centro de Documentação e Memória da Rádio Bandeirantes e dos meus próprios arquivos, ilustrando e ajudando a compreender melhor os fatos. Na semana imediata será apresentado o segundo programa sobre o assunto.
O SENHOR LEONEL DE MOURA BRIZOLA FOI UM DOS PERSONAGENS ILUSTRES DESSE PAIS, POIS OS TRÊS PATETAS MINISTROS MILITARES NA ÉPOCA TENTARAM DAR O GOLPE ANTECIPADO….QUE MAIS TARDE EM 64 DARIA COM A BENEVOLÊNCIA DOS EUA…..E COM A MENTIRA DA CHAMADA REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICA DE 31 DE MARÇO…. MILITAR NÃO SERVE PARA SER LIDER DE UMA NAÇÃO…..CONHEÇO MILITARES QUE NÃO SERVE NEM PARA GOVERNAR SUA CASA…..
Obrigado à Rede Bandeirantes por avivar a minha memória de fatos tão relevantes à vida política brasileira e também a minha própria vida. Em 1961, eu, com 26 anos estudava direito na Universidade do Rio de Janeiro, que depois passou a Guanabara e escutava sempre as transmissões da Rede da Legalidade, como era chamada, pelas ondas curtas ou, à noite pelas ondas médias. Influenciado pelos arroubos da juventude, cheguei a avisar em casa que se a “coisa” esquentasse eu iria para o Sul lutar pela legalidade. Felizmente, por uma reforma constitucional instituiu-se o Parlamentarismo, tendo como 1º Ministro Hermes Lima, depois Evandro Lins e Silva (se não me engano),e os dois foram em seguida nomeados por Jango para o Supremo Tribunal Federal.
Parabéns pela iniciativa e esforço.
Por que não é divulgado o programa todo?
Onde eu poderia entrá-lo?
Obrigado
Escutei parte do programa reprisado no começo da madrugada de hoje, queria ouvi-lo inteiro e até agora não achei em nenhum local.
Caso encontre, por gentileza, repasse o link.
Obrigado
neste momento de referencia aos anais da história, que belíssimo exemplo tiramos desta luta por vezes sem clamor, outras ao sol causticante a nos derreter de emoção e lágrimas, ouço ao longe os clarins que nos chegam em tom de vitória. VIVA! VIVA! VIVA!