Uma grave crise institucional foi criada no dia 24 de agosto de 1961 quando Jânio Quadros renunciou ao seu mandato de presidente da República. Setores conservadores das Forças Armadas tentaram, a todo custo, impedir a posse do vice presidente João Goulart, substituto constitucional de Jânio. Houve imediata reação por parte de vários setores da sociedade, incluindo boa parte da classe política, delineando-se uma iminente guerra civil. Governadores mais ponderados fizeram apelos à população de seus Estados pedindo compreensão e calma, salvaguardando-se, acima de tudo, os direitos de João Goulart. Pelos microfones da rádio Bandeirantes foram entrevistados os governadores de São Paulo, Guanabara, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambu co, Bahia, Goiás e, por último, Ney Braga, do Paraná:
Paradoxalmente, Ney Braga, que era militar de formação e que defendeu a posse de João Goulart, menos de 3 anos mais tarde apoiaria a conspiração para derruba-lo, por intermédio de um golpe militar, ao qual denominaram de “revolução de março”, ocorrido em 1964. Acabou ocupando um elevado cargo no governo Castelo Branco, o primeiro do período militar, sendo nomeado ministro da Agricultura. Ney Braga, no entanto, era um democrata assumido e não escondeu críticas quando foi editado o AI-5, tendo sido ameaçado de cassação por causa disso. Como resultado, colheu um longo período no ostracismo. Foi, segundo os críticos, um ótimo governador, nunca se ouviu falar em escândalos em seu governo, terminou o mandato morando na mesma casa modesta que havia adquirido em Curitiba, cidade da qual também foi prefeito. Nessa casa, ainda residia, quando morreu no ano 2000.
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