Assis Chateaubriand, o Chatô, segundo Edmundo Monteiro

Assis Chateaubriand, o Chatô
Chatô

Foi o próprio magnata das comunicações, o jornalista paraibano Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, o Chatô, dono do império Diários e Emissoras Associados, que ao ser nomeado embaixador em Londres escreveu um artigo de grande repercussão, publicado em todos os seus jornais, dizendo não ter sido o governo quem o convidou para aquela missão. Ele próprio é quem havia se convidado oferecendo seus préstimos ao então governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitscheck, para ocupar o cargo caso este viesse a ser eleito presidente da República.

Juscelino foi eleito e, em setembro de 1957, cumpriu a promessa e nomeou Chateaubriand para a embaixada do Brasil na Inglaterra.

A fama das excentricidades daquele paraibano de baixa estatura e grande inteligência e simpatia, já havia chegado a todas as redações londrinas e, na prática, ele as justificou. Ao apresentar as suas credenciais, disse à rainha Elizabeth que se ela não agendasse uma viagem ao Brasil para conhecer seus 50 milhões de súditos aqui residentes, o presidente Kubistcheck renunciaria ao seu mandato, motivando uma surpreendente gargalhada da circunspecta soberana ouvida até no salão ao lado.

E não parou por aí a sequência de gafes, conforme testemunho daquele que era considerado o braço direito de Chatô, jornalista Edmundo Monteiro:

Os britânicos podem já ter esquecido dos Beatles, mas de Chatô a lembrança, por lá, ninguém apaga. Pudera! Até o reverenciado Sir Winston Churchill foi vítima das suas esquisitices:

Veja também:
A quem interessava o impedimento de João Goulart na presidência
Jânio e Lacerda: proximidade, só em fotos!
Prestes e Olga Benário, casamento mal explicado

Em 1994, Edmundo Monteiro, o todo poderoso do conglomerado de jornais e emissoras de rádio de Assis Chateaubriand, foi entrevistado na TV Band por Marília Gabriela no seu “Cara a Cara”. Uma raríssima entrevista, aliás, porque Edmundo Monteiro era rigorosamente uma pessoa avessa a exposições, atuava mais nos bastidores:

Edmundo Monteiro
Edmundo Monteiro

À par de suas excentricidades, Assis Chateaubriand deve ser lembrado principalmente como empreendedor. Além dos jornais e emissoras de rádio criadas por ele, desde 1928 já fazia parte do conglomerado a revista semanal O Cruzeiro, de grande influência nas decisões políticas no País.

Dois marcos também importantes foi a fundação, em 1947, do Museu de Arte de São Paulo, o MASP, e, em 1950, a inauguração da primeira emissora de televisão do Brasil, a Tupi.

Edmundo Monteiro, que durante 40 anos trabalhou ao lado de Chatô e foi diretor geral de suas emissoras de rádio e dos jornais Diário da Noite e Diário de São Paulo, faleceu em 1996, aos 79 anos de idade. Assis Chateaubriand morreu bem antes, em 1968.

Milton Parron

Milton Parron começou a carreira em 1960 e testemunhou os grandes acontecimentos policiais, esportivos, políticos e culturais em São Paulo e no Brasil. É um dos maiores repórteres da história do rádio brasileiro.

2 comentários

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Milton Parron começou a carreira em 1960 e testemunhou os grandes acontecimentos policiais, esportivos, políticos e culturais em São Paulo e no Brasil. É um dos maiores repórteres da história do rádio brasileiro.

Your Header Sidebar area is currently empty. Hurry up and add some widgets.