Prestes e Olga Benário, casamento mal explicado

Luís Carlos Prestes e Olga Benário

Olga Gutmann Benário Prestes, alemã nascida em Munique, em 1908, foi protagonista de um dos episódios mais repugnantes do período da ditadura Vargas. Para se vingar de seu marido, Luís Carlos Prestes, que havia liderado em 1935 um movimento de insurreição nos quarteis conhecido como Intentona Comunista, assim que o casal foi preso pela polícia repressiva chefiada pelo famigerado Filinto Müller, Getúlio Vargas autorizou a deportação de Olga Benário para a Alemanha nazista de Adolf Hitler, desprezando o fato de estar grávida e que era casada com um brasileiro.

Na Alemanha, como já era previsto, foi executada em uma câmara de gás juntamente com milhares de outras pessoas de origem judia.

O mais incrível é que Luís Carlos Prestes, já então líder do Partido Comunista Brasileiro, pouco tempo depois do assassinato de sua mulher Olga Benário, assinou um manifesto em favor de Getúlio, que já havia sido deposto da presidência da República, apoiando sua volta ao poder.

Em 1986, entrevistado na Rádio Bandeirantes pelo repórter Bahia Filho, Luís Carlos Prestes deu a mais estapafúrdia explicação para a frieza de seu gesto:

Olga Benário, esposa de Prestes, foi assassinada pelos nazistas numa câmara de gás em Bernburg, no dia 23 de abril de 1942. Prestes morreu no Rio de Janeiro aos 92 anos de idade, em março de 1990.

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A filha do casal, Anita Leocádia Benário Prestes, doutora em história, lecionou História do Brasil na Universidade Federal do Rio de Janeiro até 2007 quando se aposentou. Atualmente preside o Instituto Luís Carlos Prestes.

Luís Carlos Prestes e Olga Benário

Milton Parron

Milton Parron começou a carreira em 1960 e testemunhou os grandes acontecimentos policiais, esportivos, políticos e culturais em São Paulo e no Brasil. É um dos maiores repórteres da história do rádio brasileiro.

2 comentários

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  • Discordo sobre o seu juízo de valor. A explicação de Prestes sobre a situação não foi estapafúrdia. Na verdade é uma prova de sua coerência e firmeza. Perder a Olga foi muito doloroso pra ele sem dúvida, mas a conjuntura política exigia que ele deixasse as mágoas pessoais de lado, e ele sabia que os seus sentimentos pessoais não podiam ditar as suas ações.

  • Também discordo quanto à sua interpretação.Carlos Prestes numa entrevista ao Jô Soares pouco antes de sua morte, ao responder a pergunta do entrevistador, que dizia que sentimentos vieram em seu coração quando apertou a mão de Getúlio em 1945.Como resposta ele disse que estava ali não por suas convicções ou dores pessoais, mas estava naquele gesto por que a conjuntura e o contexto político pediam. A causa comunista mundial restava acima de tudo, que no caso era derrubar as forças nazistas lideradas por Hitler!

Milton Parron começou a carreira em 1960 e testemunhou os grandes acontecimentos policiais, esportivos, políticos e culturais em São Paulo e no Brasil. É um dos maiores repórteres da história do rádio brasileiro.

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