“Pragmatismo Ecumênico e Responsável”, assim foi batizada a política exterior brasileira adotada no governo do general Ernesto Geisel. Na mesma época do referido governo, 1974, cansado de ter suas composições censuradas, Chico Buarque de Holanda resolveu adotar o pseudônimo Julinho da Adelaide, com o qual assinou várias de suas composições sem que os censores se dessem conta de que: “Acorda Amor”, “Milagre Brasileiro” e “Jorge Maravilha” continham críticas ao regime militar da época. E o mais interessante é que todas essas músicas caíram no gosto popular, transformando-se em retumbantes sucessos.
O autor, o tal Julinho da Adelaide, ninguém tinha ideia de que se tratava de Chico Buarque, porque o personagem nunca aparecia em público, sua imagem era totalmente desconhecida, um mistério.
Certo dia, dois jornalistas amigos pessoais de Chico Buarque, Mario Prata e Melchíades Cunha Júnior, resolveram entrevistá-lo, mas no papel de Julinho da Adelaide, como se ele tivesse vindo a São Paulo para fazer um show organizado por seu empresário, um tal de Leonel, também fictício.
O jornal Última Hora publicou e, a Bandeirantes recebeu na época uma cópia da fita. Trata-se de uma reportagem divertidíssima. Ouçam um trechinho daqueles quase 40 minutos de conversa:
Dois anos depois, em 1975, uma reportagem sobre censura publicada no Jornal do Brasil revelou que Julinho da Adelaide e Chico Buarque eram a mesma pessoa. O diligente serviço de censura da ditadura militar passou então, a exigir cópias do RG e do CPF dos compositores, norma vigente até hoje.
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