Se viagem aérea já é estressante para muita gente, imagine ter a bordo um sequestrador atirando a esmo? É a situação que viveram os 98 passageiros do voo 375 da Vasp que decolou de Porto Velho no dia 29 de setembro de 1988. O destino do Boeing 737-300, com 7 tripulantes, era o Rio de Janeiro com escalas em Brasília, Goiânia e Belo Horizonte. No trecho final entre a capital mineira e o Rio surge em cena Raimundo Nonato Alves da Conceição, um maranhense de 28 anos que havia perdido o emprego e em desespero resolveu protestar jogando o avião de encontro ao Palácio do Planalto com o objetivo de matar o presidente da República, seu conterrâneo José Sarney. Já no inicio de sua ação o criminoso acertou um tiro em um dos comissários de bordo, depois fraturou a perna do engenheiro de voo com outro disparo e, invadindo a cabine de comando, deu mais um tiro, desta vez contra o copiloto Salvador Evangelista, que morreu na hora. Graças à frieza do comandante Fernando Murilo de Lima e Silva, uma tragédia muito maior foi evitada. Ele conseguiu convencer o sequestrador de que precisava pousar imediatamente em Goiânia porque o combustível estava se esgotando, e realmente estava. Só após o pouso o desequilibrado foi dominado e todos os passageiros levados para um hotel. Um deles foi entrevistado pela repórter da Rádio Bandeirantes Marilú Cabañas e contou o terrível drama que haviam acabado de enfrentar:
Após o pouso em Goiânia, no começo da tarde, as negociações com o sequestrador Raimundo Nonato continuaram. Ele exigiu, inclusive, que um avião menor fosse colocado à sua disposição e, quando descia as escadas do Boeing, tendo o comandante Fernando Murilo como escudo, foi baleado três vezes pelas forças policiais e 72 horas depois morreu no hospital. Somente em outubro de 2001, treze anos depois do evento, o comandante Fernando Murilo de Lima e Silva teve sua conduta reconhecida, sendo homenageado com o troféu Destaque Aeronauta. A propósito, José Sarney, a quem também muito provavelmente o comandante Fernando Murilo salvou a vida, nestes 29 anos decorridos do episódio jamais se dirigiu ao piloto para dizer-lhe ao menos OBRIGADO. Não sendo eleitor no Maranhão nem no Amapá para que agradecer, não é mesmo?
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