O Plano Cruzado foi um conjunto de medidas econômicas lançado no governo José Sarney em fevereiro de 1986, para combater a altíssima inflação que corroía nossa economia. Confiante, o próprio presidente José Sarney anunciou com pompa e circunstancia, diante de câmeras e microfones, os principais pontos do Plano Cruzado I, entre eles a criação de uma nova moeda, o Cruzado extinguindo ao mesmo tempo o Cruzeiro. Cada Cruzado equivaleria a mil Cruzeiros; extinção da correção monetária generalizada e congelamento de preços, tarifas e serviços e, por fim, nomeou o povo em geral como seus fiscais para que essas medidas fossem respeitadas:
Ai foi demais! No auge da empolgação, alguns brasileiros e brasileiras assumiram o papel de fiscais do Sarney com tamanho entusiasmo que saíram por aí, de dedo em riste, investidos de uma autoridade ilegítima, e se puseram a dar lição de moral a funcionários de supermercados onde constatavam ter havido remarcações de preços. Em Curitiba o cidadão Omar Marczynski virou símbolo dessa cruzada ao fechar um supermercado, ele próprio, por ter constatado que, entre outros produtos, as fraldas para seis xixis estavam superfaturadas em mil cruzeiros. E os fregueses que o acompanhavam naquela marcha cívica, aplaudiram:
Nas primeiras semanas o Plano Cruzado Um funcionou e a inflação que era de 12,47% em fevereiro de 1986, caiu para 1,43% em outubro. A popularidade de Sarney, no quesito ótimo e bom, atingiu 72% e nas eleições o seu partido, PMDB, elegeu 53% dos deputados federais. Porém, devido ao controle de preços dos produtos e serviços, as mercadorias começaram a escassear e sumiram das prateleiras. Mercados paralelos surgiram cobrando ágio pelos produtos. As exportações caíram e as importações aumentaram e com isso nossas reservas cambiais também se foram. Conclusão: seis dias depois das eleições gerais de 1986, o Plano Cruzado I foi para o armário e no lugar foi editado o Plano Cruzado II que, em matéria de resultados práticos, pouco diferiu do anterior. Além do fracasso, a aventura do Plano Cruzado resultou em muitas ações judiciais movidas por cidadãos contra o governo e contra os bancos exigindo reparação das perdas monetárias sofridas então.
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