Os escândalos protagonizados por deputados e senadores são tão antigos quanto as duas Casas do Congresso. A diferença é que os de ontem provocariam hoje, quando muito, um sorriso benevolente do mais rigoroso dos magistrados, até porque os valores éticos e morais também foram se abrandando com o passar dos tempos. Um exemplo é a denúncia que o deputado indígena Mário Juruna fez da tribuna da Câmara no dia 25 de outubro de 1984 contra o deputado Paulo Maluf, que disputava com Tancredo Neves os votos do Colégio Eleitoral na eleição indireta para a presidência da República. Ao garantir que Calim Eid, coordenador da campanha de Maluf, tinha depositado 30 milhões de cruzeiros em sua conta para que não votasse em Tancredo, Juruna virou manchete em todo o Brasil:
A denúncia de Juruna não foi decisiva para a derrota de Maluf mas ajudou a aumentar a diferença dos votos em favor de Tancredo Neves: 480 a 180, ou seja, o mineiro foi eleito presidente da República com 72% contra 27% dos votos do Colégio Eleitoral. Será que hoje esse tipo de denúncia teria alguma repercussão?
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