Por razões diversas, que vão da ignorância até interesses ideológicos condenáveis, nem sempre os fatos políticos marcantes em nossa história são contados nas escolas com os devidos detalhes. Do programa Jornal do Meio Dia, pela Rádio Bandeirantes, certa tarde em março de 2006 eu conversei com o Dr. Almino Afonso, político da velha guarda do PTB, que havia sido vice governador de São Paulo no período Orestes Quércia, e, muito antes, ministro do Trabalho no governo João Goulart.
Minha curiosidade sempre foi enorme em relação à deposição do presidente João Goulart, que não resistiu, o que seria natural, principalmente depois das dificuldades que enfrentou para assumir a presidência da República em setembro de 1961 na vaga deixada por Jânio Quadros, que havia renunciado ao mandato duas semanas antes e, assim mesmo, após muitos conchavos para satisfazer uma ala radical das Forças Armadas que ojerizava a simples ideia da ascensão de Goulart à chefia do Poder.
Os acordos com os militares foram costurados, principalmente, pelo presidente do Congresso Nacional, Auro Soares de Moura Andrade:
Aceitas as propostas por ambas as partes, o acordo foi selado e João Goulart assumiu a chefia de governo dividindo a autoridade com o primeiro ministro parlamentarista, regime que foi criado para solucionar o impasse. Pouco tempo depois, numa hábil manobra, João Goulart retomou seus poderes à frente do regime presidencialista que foi restabelecido após um referendo popular realizado em janeiro de 1963. Durou pouco o entusiasmo, logo se percebeu que das cinzas em que o fogaréu parecia haver se transformado, as mesmas brasas reacenderam e eis que o presidente João Goulart foi deposto.
Contribuiu para apressar sua queda, a atuação do mesmo senador que havia mediado a sua condução ao cargo, Auro Soares de Moura Andrade, que, ainda na presidência do Senado, convocou para o final da noite de primeiro de abril de 1964 uma sessão extraordinária do Congresso:
Parron, seu blog é excelente! Acesso sempre, os áudios resgatados são maravilhosos e lamento apenas que não haja ao menos uma publicação por dia, igual é no Momento CEDOM no “Pulo do Gato”, pois o arsenal de joias sonoras da Bandeirantes é infinito. Apenas uma amável correção: em 2006 não existia mais o “Jornal do Meio-Dia”, que terminou em 2002, quando o “Esporte Notícia” assumiu seu horário. A conversa referida deve ter sido na “Ciranda da Cidade”, o programa que você comandava diariamente à ocasião. Repito: parabéns pelo magnífico trabalho e adiante sempre em prol da preservação da memória, das pessoas que fizeram este país e do nosso rádio, especialmente da Rádio Bandeirantes.