Em campanha política, numa viagem que fez à Ilha do Marajó, o governador Adhemar de Barros recebeu de presente, de um grupo de correligionários, uma urna marajoara, típica daquela região, confeccionada por índios. Em vez de levá-la para casa, porque era grande demais, resolveu deixa-la exposta no salão do palácio dos Campos Elíseos, naquela época sede do governo de São Paulo.
Terminado seu mandato passou o governo ao sucessor, por ele apadrinhado, Lucas Nogueira Garcez. Professor da Politécnica/USP, Garcez perguntou, algum tempo após sua posse, se Adhemar se oporia ao envio da referida urna para uma das unidades da Universidade de São Paulo. Já de relações estremecidas com o apadrinhado, Adhemar respondeu rispidamente: “Não senhor, ela me pertence”, e mandou que devidamente acondicionada fosse enviada para seu endereço.
Não se sabe se foi o próprio governador Garcez quem fomentou por detrás dos panos, a verdade é que quatro anos mais tarde, ao assumir o governo de São Paulo, Jânio Quadros, adversário figadal de Adhemar, se pôs a procurar a tal urna com uma diligência de fazer inveja a Sherlock. Queria a todo custo que ela voltasse a enfeitar o saguão do palácio e acusou Adhemar de tê-la furtado. Fez tanto escândalo a respeito, que os humoristas da época levaram o assunto até para seus esquetes no rádio e nos circos.
Esse é apenas um trechinho de um dos quatro programas Memória sobre o político Adhemar de Barros, que estão sendo apresentados pela Rádio Bandeirantes no horário das 11 horas da noite aos sábados e às 5 horas da madrugada do domingo. Trata-se do resgate de 30 anos da fervilhante política denominada de populismo, entre os anos de 1938 e 1968. Gravações raríssimas de comícios, entrevistas, musiquinhas de campanha colocam em cena um período em que a política e os políticos despertavam interesse incomum em todas as camadas da sociedade.
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