O AGOSTO MAIS TRÁGICO DO BRASIL

Café Filho
Café Filho

João Café Filho, na qualidade de vice de Getúlio Vargas, assumiu a presidência da República em agosto de 1954 para completar o mandato do titular que havia se suicidado na manhã de 24 daquele mês. Após uma longa e tensa reunião extraordinária do ministério que varou a noite de 23, veio o desfecho inesperado na manhã de 24 justamente quando uma solução para a crise política do governo Getúlio parecia ter sido encontrada e consistia na sua licença por 90 dias da presidência da República. A crise motivada por denúncias continuadas de corrupção no governo, capitaneadas pelo jornalista Carlos Lacerda culminou com o atentado da rua Toneleros onde Lacerda resultou ferido e seu acompanhante, major da aeronáutica, Rubens Florentino Vaz foi morto. Atribuiu-se o atentado a elementos da guarda pessoal de Getúlio Vargas, cujo chefe era Gregório Fortunato. Encerrada aquela reunião ministerial, já alta madrugada, o potiguar João Café Filho, foi declarado presidente pelo período correspondente à licença de Getúlio e, com isso, acreditava-se que a crise estaria contornada. Puro engano! Nem 3 horas haviam decorrido:

Nunca no Brasil, em toda sua história, houve um impacto tão grande. Pelas ruas, nas cidades grandes e pequenas, a população manifestou a sua dor e a sua revolta. Nas capitais, especialmente o Rio de Janeiro e Porto Alegre, houve muitas depredações, confrontos com a polícia, tudo como forma de externar respeito ao presidente morto e repúdio aos que o sitiaram impiedosamente com toda sorte de acusações, entre eles o jornalista Carlos Lacerda que teve o edifício de seu jornal A Tribuna de Imprensa apedrejado pela população. Ao tomar conhecimento do suicídio de Vargas, o já empossado presidente João Café Filho dirigiu-se à nação por intermédio de uma cadeia de emissoras de rádio:

Com a morte de Getúlio, Café Filho foi confirmado no cargo de presidente da República pelo período correspondente ao restante do mandato de Vargas, porém, não o completou tendo se afastado do mesmo em novembro de 1955 por motivo de doença assumindo então a chefia de governo o terceiro na linha sucessória, o presidente da Câmara dos Deputados que, à época, era exercida por Carlos Luz.

Milton Parron

Milton Parron começou a carreira em 1960 e testemunhou os grandes acontecimentos policiais, esportivos, políticos e culturais em São Paulo e no Brasil. É um dos maiores repórteres da história do rádio brasileiro.

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Milton Parron começou a carreira em 1960 e testemunhou os grandes acontecimentos policiais, esportivos, políticos e culturais em São Paulo e no Brasil. É um dos maiores repórteres da história do rádio brasileiro.

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