Das muitas personalidades que entrevistei pelo Brasil e mundo afora, artistas, cientistas, esportistas, religiosos e políticos, uma das mais difíceis foi com o mexicano Fortino Mario Alfonso Moreno Reyes. Se não fosse pela intermediação de Pedro Vargas, também mexicano, que brilhou nos discos, nos palcos e nas telas de cinemas de todos os países latino-americanos nas décadas de 1940 e 1950, muito amigo do referido entrevistado, jamais teria chegado até ele.
Comediante insuperável, ainda hoje seus filmes, volta e meia, são apresentados na televisão e estão na internet, ressaltando que quando foram lançados lotaram os cinemas durante muitos dias. Em 1956, “A Volta do Mundo em 80 Dias”, protagonizado por ele, foi premiado com o Oscar como o melhor filme do ano:
Também sucessos de bilheteria estrelados por Cantinflas foram: “Os Três Mosqueteiros”, “Nem Sangue Nem Areia”, este com tamanha repercussão que o nome foi copiado pela Atlântida para uma de suas chanchadas que se chamou “Nem Sansão Nem Dalila”, e ainda “O Circo”, “O Mágico”, “O Bombeiro Atômico”, “Se Eu Fosse Deputado”, “Sua Excelência”, que é uma genial sátira à chamada Guerra Fria, “O Padrezinho”, “Mata Sete” e dezenas de outras produções. Sua genialidade foi reconhecida com uma estrela na Calçada da Fama, em Hollywood. Ele faleceu em abril de 1993, aos 81 anos de idade.
Não sei porque você considera esta entrevista difícil. Pareceu-me normal, tratando-se de figura tão complicada. Já fez uma relação de entrevistados ilustres? Meu entrevistado mais famoso foi o general Castelo Branco. Eu estava na Última Hora Nordeste e meu chefe de reportagem, Milton Coelho da Graça, me mandou perguntar o que ele achava da iminência de um golpe de Estado, em 1964. Ele me recebeu gentilmente, colocou o braço sobre meus ombros e levou-me até à porta, expulsando-me do gabinete. Depois de 30 dias no DOPS, usei esse episódio para livrar-me da acusação de perigoso subversivo. Consultaram o general sobre minha periculosidade e Castelo Branco, ou alguém em nome dele, praticamente mandou me soltar, alegando não sei o quê, provavelmente que eu era “educado”, ou bonzinho.