A NOITE QUE "APAGARAM" LAMPEÃO

Sila, mulher de Zé Sereno, e Maria Bonita, mulher de Lampeão, conversavam animadas sentadas num tôco de árvore há muito derrubada, um pouco afastadas do restante do grupo de cangaceiros acampados num lugar conhecido por Grota do Angico, município de Piranhas, no Sergipe. Era uma noite abafada naquele 27 de julho de 1938, no sertão muito próximo do rio São Francisco onde o bando estava escondido da polícia. Enquanto conversavam Sila, quase distraidamente, notou em meio às matas que uma luz muito fraca de vez em quando acendia e rapidamente se apagava. Chamou a atenção de Maria Bonita para aquele fato:

A luzinha não era um vagalume, eram volantes policiais tomando posição, embrenhadas nas matas, para iniciar o ataque contra Lampeão e seu bando ao romper da madrugada já de 28 de julho daquele ano de 1938. “Candieiro” era um dos cangaceiros que conseguiu escapar com vida à terrível fuzilaria. Mais tarde ele contaria que, algumas horas antes de sua morte, Lampeão reuniu o grupo para manifestar seu desejo de deixar o nordeste e descer rumo a Minas Gerais o que efetivamente teria ocorrido não tivesse sido morto na madrugada seguinte junto com parte de seu pessoal:

Mal clareou o dia, a polícia atacou o bando de Lampeão matando 11 deles, entre os quais o próprio chefe Virgulino Ferreira da Silva (Lampeão) e sua companheira Maria Bonita. Depois de mortos tiveram as cabeças decepadas pelos próprios policiais que em triunfo as levaram inicialmente para Piranhas, depois Maceió e mais tarde foram enviadas para a Bahia onde ficaram muitos anos insepultas. Leonídio, uma figura sombria que tinha prazer em integrar as volantes que davam caça aos bandoleiros que perambulavam pelo sertão nordestino nos anos 30, foi um dos que cortaram cabeças naquela madrugada:

O 3° e último programa Memória sobre o cangaço no Brasil, vai ao ar neste sábado, dia 19/01/13, às 23hs00 com reprise às 05hs00 da manhã do domingo. Memória é transmitido pela rádio Bandeirantes AM em 840 Khz e FM em 90,9.

Milton Parron

Milton Parron começou a carreira em 1960 e testemunhou os grandes acontecimentos policiais, esportivos, políticos e culturais em São Paulo e no Brasil. É um dos maiores repórteres da história do rádio brasileiro.

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Milton Parron começou a carreira em 1960 e testemunhou os grandes acontecimentos policiais, esportivos, políticos e culturais em São Paulo e no Brasil. É um dos maiores repórteres da história do rádio brasileiro.

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