Raquel de Queiroz, cearense de Fortaleza onde nasceu em 1910, foi uma escritora tão notável que os imortais da Academia Brasileira de Letras não tiveram como impedir sua eleição para integrar aquela casa, até então privilégio dos homens. Raquel foi a primeira mulher eleita para a ABL, em 1978. Havia muito preconceito contra as mulheres, um fato inexplicável já que se trata da casa que reúne as grandes inteligências do mundo das letras. E mais surpreendente é o fato de que somente 20 anos depois de se tornar imortal da ABL, Raquel foi eleita para a Academia Cearense de Letras, que por sinal é mais antiga que a própria Academia Brasileira. Raquel não poderia ser eleita para a Academia Cearense porque um dispositivo interno impedia a eleição de autores que não residiss em no próprio Estado. Foi necessária uma pequena alteração no regimento da instituição para que a grande escritora cearense pudesse ser eleita para a academia de letras de sua própria terra, percebam o primitivismo cultural deste País apesar das aparências em contrário. No artigo que vedava a eleição de quem não residisse no Estado foi adicionado o seguinte: “o disposto no presente artigo não se aplica aos membros da Academia Brasileira de Letras”. Assim Raquel de Queiroz, que foi a primeira mulher eleita na ABL, também pode ser eleita para a Academia de Letras do Ceará.
No ano 2000, quando completava 90 anos de idade, eu conversei longamente com Raquel de Queiroz, abordando inclusive os preconceitos contra as mulheres existentes na Academia Brasileira de Letras tendo sido ela a desbravadora e na sequência, Dinah Silveira de Queiroz, que era sua parente.
Raquel de Queiroz tem suas obras traduzidas em vários países. Entre as principais podem ser citadas O Quinze, romance que narra a luta do povo nordestino contra a seca e a miséria, Três Marias, João Miguel, Caminhos de Pedras e o Galo de Ouro.Ela faleceu no Rio de Janeiro, em novembro de 2003.
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