Goleiro Leão: deveres, sim, direitos, não


O gol é uma posição tão ingrata, que precisava ser editada uma Constituição só para os profissionais do futebol que atuam com a camisa número 1. No capítulo dos direitos e das obrigações, para os goleiros seriam suprimidos os seus direitos. Direito de reclamar, de se justificar, de explicar, de errar, tudo seria abolido. Porque, em verdade, na teoria já é assim. Alguém está interessado em saber porque Júlio César errou feio no jogo em que o Corinthians foi desclassificado pela Ponte Preta? Alguém quer ouvir as suas explicações? Pelo contrário, já foi julgado e con denado pela torcida como se não tivesse o mesmo direito de errar como erram constantemente todos os seus companheiros das outras posições em campo. Falhar no gol não é difícil, basta uma fração de segundos de desatenção. O extraordinário Gilmar dos Santos Neves, muitas vezes também falhou, mas poucos se recordam das suas defesas milagrosas que salvaram o Jabaquara, o Corinthians, o Santos pelos quais jogou e, também, a seleção brasileira com a qual sagrou-se
bicampeão mundial, em 1958 e 1962. O que dizer de Leão, também? Tomou vários gols defensáveis nos clubes pelos quais jogou, e, também na seleção. No Palmeiras seu primeiro “frango” foi no dia 5 de novembro de 1969 quando o São Paulo derrotou o alviverde por 2 a 1, pelo torneio Roberto Gomes Pedrosa. O segundo gol, pela narração de Flavio Araújo, percebe-se, foi um “frangaço”:

http://webcast.sambatech.com.br/802E76/origin1/account/65/14/2012-05-02/audio/1eccc8d0f388fae86f703e54b566ebaa/sonora_leao_1.mp3

E Rogério Ceni? Nunca falhou? Entre todos eles, goleiros que engolem “perús”, um fato em comum é que nunca admitem o erro. Ficam exasperados quando são questionados. Falta-lhes um mínimo de humildade. Na bola fácil que Leão aceitou, naquele jogo de 1969, contra o São Paulo, ocorreu, após o jogo, outro fato raro que foi a reação do goleiro quando questionado pelos repórteres da Bandeirantes, Roberto Silva e J. Hawila:

http://webcast.sambatech.com.br/802E76/origin1/account/65/14/2012-05-02/audio/f2008d00c7cbf268d4f3bbe2cd02fa42/sonora_leao_2.mp3
Alguém já disse, com muita sabedoria, que no espaço onde o goleiro joga, nem grama cresce, querendo explicar que é a posição mais ingrata do campo.

Milton Parron

Milton Parron começou a carreira em 1960 e testemunhou os grandes acontecimentos policiais, esportivos, políticos e culturais em São Paulo e no Brasil. É um dos maiores repórteres da história do rádio brasileiro.

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Milton Parron começou a carreira em 1960 e testemunhou os grandes acontecimentos policiais, esportivos, políticos e culturais em São Paulo e no Brasil. É um dos maiores repórteres da história do rádio brasileiro.

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