Um dos destaques do carnaval brasileiro até meados da década de setenta, era o Baile de Gala do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Todo ano atrações internacionais eram convidadas para a festa com direito a mordomias que incluíam hospedagem de luxo nos melhores hotéis da cidade. Os foliões só podiam participar se comparecessem trajados a rigor ou fantasiados. Em anos diversos lá estiveram Kirk Douglas, Rock Hudson, Romy Schneider, Charles Aznavour, Edith Piaf, Vittorio De Sica, Rita Hayworth e uma infinidade de outros artistas, sem falar nas celebridades políticas e do high society. O Baile de Gala do Municipal, que era realizado na segunda feira de carnaval, costumava consagrar as músicas mais cantadas pelos foliões. Em 1967 só deu Máscara Negra, de Zé Kéti:
Porém, desde 1932, o ponto alto do Baile de Gala do Municipal, era o concurso de fantasias. Graças a revista O Cruzeiro e, mais tarde, também à Manchete, havia sempre uma expectativa imensa sobre o resultado daquele concurso cujo desfile dos vencedores ocorria a meia noite, durante o Baile. Algumas figuras tornaram-se nacionalmente conhecidas por causa do luxo das fantasias com as quais concorriam e, também, pelas brigas nos bastidores onde sobravam sopapos e arranhões para todos. Alguns nomes consagrados naqueles concursos: Wilza Carla, Evandro de Castro Lima, Violeta Botelho, Mauro Rosas, Núcia Miranda, Guilherme Guimarães, Marlene Paiva e o fora de série Clóvis Bornay símbolo daquela fase áurea do carnaval brasileiro. Ganhador de inúmeros prêmios com suas fantasias originais e sempre deslumbrantes, Clóvis Bornay entrevistado por José Nelo Marques aqui na Bandeirantes, no carnaval de 1996, lamentava a descaracterização do carnaval de hoje se comparado ao de antigamente:
O último Baile de Gala do Municipal do Rio de Janeiro foi realizado no carnaval de 1975 e a despedida foi melancólica. Ao apagar das luzes, lá pelas cinco da manhã, estourou um conflito generalizado entre os foliões, a maioria alcoolizada, resultando em prejuízos enormes para o edifício símbolo da cultura artística carioca. Assim terminaram os Bailes de Gala do Municipal que durante meio século projetaram no exterior uma das imagens mais fortes do carnaval brasileiro.
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