Foi marcante a formação da denominada Rede Brasileira da Legalidade que possibilitou, em setembro de 1961, a posse de João Goulart na presidência da República que tinha ficado vaga com a renúncia de Jânio Quadros. Goulart era seu vice e contra sua posse se levantou uma parcela significativa dos escalões superiores das Forças Armadas. Concebida por seu cunhado Leonel Brizola, que era governador do Rio Grande do Sul, foi criada aquela rede de rádio para possibilitar comunicações muito rápidas entre Brasília e Porto Alegre, onde Goulart se encontrava, contornando os problemas crônicos de telefonia e da telegrafia que estava sob censura. A importância disso tudo é que João Goulart estava resistindo muito a tomar posse acreditando que seu avião seria abatido no percurso até Brasília por determinação daqueles militares que não o queriam na chefia de governo. A tal Rede da Legalidade se incumbiria de revelar publicamente a situação real na capital federal com todas as garantias para a posse de João Goulart. No CEDOM – Centro de Documentação e Memória da rádio Bandeirantes – tem o precioso depoimento de um dos três jornalistas que comandaram as transmissões da Rêde da Legalidade, José Carlos de Moraes, o Tico Tico, gravado 28 anos depois daquele episódio, revelando uma grande farsa. Uma mentira que poucos conhecem nos dias atuais, e só cinco ou seis a conheciam na ocasião. Foi essa farsa que deu a coragem necessária para o iludido João Goulart deixar a segurança de Porto Alegre e voar para Brasília para tomar posse no cargo que legitimamente lhe pertencia:
Além de José Carlos de Moraes também participaram dos trabalhos da Rede Brasileira da Legalidade seus colegas dos Diários e Emissoras Associados Carlos Spera e Heitor Augusto. Foi uma mentira para uma boa causa porque graças àquela rede de rádios evitou-se o aprofundamento da grave crise institucional causada pela renúncia de Jânio Quadros ao seu mandato de presidente da República.
Adicionar comentário