Às vésperas de mais um pleito eleitoral uma reflexão inevitável entre as pessoas de mais idade, remete ao período de maior turbulência de nossa política, ou seja, o ano de 1954. Sitiado por alguns oportunistas que passaram a lhe fazer duras acusações, o presidente Vargas não viu outra saída que não fosse reunir todo seu ministério na noite de 23 de agosto de 1954 no palácio do Catete, no Rio de Janeiro, que era então a sede do governo da República. Foram horas de muitas discussões, propostas, contra propostas, intransigências e pouco avanço. Foi proposta inicialmente a renúncia de Vargas com a qual o presidente não concordou. Também foi proposta uma emenda à Constituição para permitir a antecipação das eleições que só deveriam acontecer no ano seguinte, Vargas também não aceitou. Já por volta da meia noite chegou-se a um acordo mediante o qual Getúlio Vargas se licenciaria do cargo por algumas semanas até que fossem apuradas algumas das denúncias especialmente aquela que atribuía a Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal do presidente, a responsabilidade pelo atentado da rua Toneleros onde morreu o major da aeronáutica Rubens Florentino Vaz e ficou ferido o jornalista Carlos Lacerda. Está registrado no CEDOM – Centro de Documentação e Memória da rádio Bandeirantes – que assim que a notícia da licença de Vargas chegou às redações, uma das primeiras autoridades que se manifestou foi o marechal Eurico Gaspar Dutra que havia antecedido Vargas na presidência da República:
Acontece que Getúlio Vargas não estava disposto a cumprir o que tinha sido acordado e, como havia prometido, só sairia morto do Palácio. Menos de 4 horas após o pronunciamento de Dutra, Getúlio se suicidava em seus próprios aposentos no Palácio do Catete com um tiro no coração. Era a manhã de 24 de agosto de 1954 encerrando uma crise institucional que se repetiria 7 anos mais tarde e dessa vez não com um suicídio, mas com uma renúncia.
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