TÉCNICO VALENTÃO ENCARA A “FIEL”

TÉCNICO YUSTRICH

Dorival Knipel foi goleiro entre 1935 e 1950 jogando pelo Flamengo, Vasco e América, todos do RJ. Por sua semelhança física com o também goleiro, do Boca Juniors, Juan Elias Yustrich passou a ser chamado de Yustrich a vida inteira. A partir de 1952 tornou-se técnico de futebol e colecionou um bocado de registros de clubes em sua carteira de trabalho, assim como confusões, brigas, agressões morais e físicas e por ai afora. Arrogante, explosivo, notabilizou-se por suas estapafúrdias exigências e por suas idiossincrasias. Não permitia que seus atletas fumassem nem deixassem a barba por fazer e não tolerava que m deixasse os cabelos compridos. Em 1958 trocou socos no vestiário com Hernani Silva, atleta do Futebol Clube do Porto, que deixou de obedecer uma ordem que lhe havia passado no fim do jogo. Cincunegui, uruguaio que jogava no Atlético mineiro, furioso pelo fato de Yustrich ter retardado suas férias em uma semana obrigando-o a ficar treinando para manter a forma, chegou a sacar de um revólver para ele. O zagueiro campeão de 70, Brito, ao ser tirado de campo pela enésima vez, tudo porque havia se recusado a deixar do cigarro, jogou sua camisa suada no rosto de Yustrich e precisou que o banco inteiro de reservas entrasse no meio para evitar o previsível show de pancadarias. Também esteve no Corinthians, entre 1973 e 1974, e só obteve maus resultados porque o time realmente estava ruím das pernas. Um dos revezes aconteceu no Pacaembú contra o Juventus e a torcida não poupou o técnico que foi vaiado durante todo o jogo e no final se juntou no alambrado, próxi mo a saída para os vestiários, para chama-lo de “burro”. Yustrich não se abalou, e, contrariamente ao que faz a maioria, foi para o alambrado que galgou aos trancos e barrancos, dificuldade natural imposta por seu metro e noventa, além da barriga proeminente, e se pôs a berrar também. De um lado os torcedores irados e do outro o inconformado técnico e junto a ele, também encarapitado, o repórter da rádio Bandeirantes, J. Hawilla:

Yustrich encerrou sua carreira em 1982 ao ser despedido – sempre era demitido – do Cruzeiro de Belo Horizonte. Retirou-se para o mais completo anonimato e só voltou a ser notícia, e assim mesmo com pouco destaque, em 1990, quando morreu.

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