São Paulo, 466 anos. Nos arquivos do Centro de Documentação e Memória da Rádio Bandeirantes – CEDOM – existe uma quantidade imensa de reportagens, entrevistas, programas e personagens que nos remetem ao passado possibilitando acompanhar a evolução desta cidade gigante em todos os seus os setores, científico, esportivo, artístico, político, cultural e até o subterrâneo documentado pela crônica policial. Para falar daquela São Paulo romântica, pacata e acolhedora tão distante, quase invisível, semioculta, não pela tradicional garoa de outrora, mas, pela névoa do tempo, atentem para um trecho da entrevista do dia 25 de janeiro do ano 2000 no programa Memória, da rádio Bandeirantes, quando nossa capital completou 446 anos. Trata-se do testemunho de uma antiga moradora de nossa cidade, dona Maria Elisa Campiotti Bérgami, carinhosamente chamada de Zica Bérgami. Na ocasião ela tinha 87 anos de idade e aqui viveu as duas São Paulo, a provinciana e a da industrialização. Além de festejada Desenhista Primitiva apresentada na sua primeira exposição individual por nada menos que Sérgio Milliet, ela também era uma ótima compositora e nas suas músicas a São Paulo daqueles tempos é retratada com uma singeleza que comove. Até porque, dona Zica conhecia esta cidade como a palma de sua própria mão:
“Lampião de Gás” é uma das muitas músicas de autoria de Zica Bérgami e foi gravada a primeira vez em 1958, pela saudosa Inezita Barroso. Dona Zica faleceu em abril de 2011. Tinha então 98 aninhos de vida e foi uma retratista, por intermédio da música, impecável desta capital que hoje completa 466 anos de sua fundação.