João Cândido Felisberto das Neves, gaúcho de Encruzilhada do Sul, nascido em 1880, é um nome para ser lembrado sempre. Embora tendo uma carreira exemplar na Marinha de Guerra, foi castigado com prisão e depois transferido para a masmorra de um hospício, tudo por causa de um episódio do qual foi o principal personagem.
Levado a julgamento, mesmo inocentado, acabou expulso da Marinha. Foi perseguido a vida inteira e sempre encontrou dificuldades de emprego, porque o racismo que tanto combateu e o levou a chefiar o levante denominado Revolta da Chibata, em 1910, nunca o perdoou.
A gota d’água foi quando João Cândido e os marinheiros embarcados no encouraçado Minas Geraes se rebelaram com as 250 chibatadas mandadas aplicar no marinheiro Marcelino Rodrigues de Menezes, castigado por ferir um cabo que o delatou por ter levado bebida alcoólica a bordo. Diante de toda a guarnição, mesmo após desmaiar, Marcelino continuou sendo chicoteado, causando revolta geral – uma reação legítima e não uma insubordinação, como João Cândido e seus companheiros foram acusados de terem promovido e pela qual o preço cobrado foi exageradamente alto.
A insubordinação dos marinheiros em 1910 foi muito diferente daquela que ocorreria 50 anos mais tarde quando, também marinheiros, por questões exclusivamente políticas, resolveram desafiar seus superiores sob a proteção da sede de um sindicato que nada tinha a ver com marinheiros. E ainda foram pedir a proteção de João Cândido que, muito disciplinado, censurou a todos:
A Revolta da Chibata, resposta a uma das mais infames demonstrações de arbitrariedade, aconteceu no Rio de Janeiro em 1910. Pelo espírito de liderança e ato de bravura de João Cândido, o escritor João do Rio, que trabalhava no jornal Gazeta de Notícias, o apelidou de Almirante Negro.
Comentários (1)
Admiro seu trabalho é muitos anos e me pergunto porque que ainda hoje você não tem um podcast?