Roubo de 500 milhões no coração de SP

Tudo foi muito rápido, em dois minutos o maior assalto do Brasil e da América do Sul, estava consumado. Foi na tarde de 27 de janeiro de 1965, a uma e quinze, no coração de São Paulo, rua Libero Badaró bem ao lado da praça do Patriarca. A notícia ganhou manchetes em jornais de vários países do mundo. Um carro pagador do Banco Moreira Salles, veículo comum sem blindagem, sem escolta, como fazia diariamente e no mesmo horário, estava levando malotes de dinheiro para depósito no Banco do Brasil, quando foi fechado por um carro DKW Vemag onde estava parte da quadrilha de assaltantes, os outros já se encontravam nas cercanias, num total de sete. Conseguiram fugir com os malotes contendo 500 milhões de cruzeiros, uma fábula na época. A polícia durante semanas ficou às tontas e a imprensa cobrando pesado, especialmente pelo fato do crime ter ocorrido no horário de maior movimento e na área central e mais congestionada da cidade. Num determinado momento o governador Adhemar de Barros, irritado com tanta cobrança, ligou para o secretário de Segurança Pública: “PORQUE NÃO TINHA POLICIAMENTO NAQUELE LOCAL E NAQUELA HORA CANTÍDIO? ”, determinando que ele explicasse isso aos jornalistas, tarefa que não cabia ao governador. O secretário de Segurança Pública, Cantídio Nogueira Sampaio, que era coronel da reserva da Força Pública, hoje Polícia Militar, não se conteve, chamou os jornalistas e ao responder as críticas, mandou recado para quem quisesse vestir a carapuça:

Há crime ousado, mas não há crime perfeito. Um simples detalhe, uma multa de trânsito aplicada num carro estacionado em lugar proibido pertinho do local do assalto, levou a polícia aos sete ladrões que realizaram aquele assalto. Eram todos gregos, seis deles radicados em São Paulo e um no Rio de Janeiro. Trabalho de investigação da polícia civil conduzido pelos delegados Coriolano Nogueira Cobra e Nerval Ferreira Braga, muito elogiado por todos. Em novembro do mesmo ano, 1965, os sete foram julgados e receberam uma pena total de 103 anos e 6 meses de prisão. Foi a partir daquele assalto que se criou o serviço de transporte de valores em carros blindados com vigilantes armados, como ocorre até hoje embora sem a eficiência de antes porque os bandidos também, além de mais atrevidos, passaram a usar armamento capaz de vencer qualquer tipo de blindagem.

Milton Parron

Milton Parron começou a carreira em 1960 e testemunhou os grandes acontecimentos policiais, esportivos, políticos e culturais em São Paulo e no Brasil. É um dos maiores repórteres da história do rádio brasileiro.

1 comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Milton Parron começou a carreira em 1960 e testemunhou os grandes acontecimentos policiais, esportivos, políticos e culturais em São Paulo e no Brasil. É um dos maiores repórteres da história do rádio brasileiro.

Your Header Sidebar area is currently empty. Hurry up and add some widgets.