REVOLTA DA CHIBATA

Almirante Negro

Foi em 1910, a bordo do encouraçado Minas Gerais fundeado na Baia da Guanabara, que se deu a chamada Revolta da Chibata liderada pelo marinheiro João Cândido Felisberto e que teve a adesão de 2.400 soldados da Marinha de Guerra do Brasil. Foi um protesto pelos maus tratos aos quais eram submetidos os marinheiros que por faltas disciplinares de pouca importância recebiam castigos violentos que iam da prisão em masmorras infectas, sem alimento, até chibatadas diante da tropa formada no convés das embarcações. Pior do que os que nada sabem, são aqueles que escrevem com conhecimentos teóricos e isso aconteceu em relação à muitos episódios da história do Brasil. Relacionado com a Revolta da Chibata existem por aí, em livros, muitas mais versões do que fatos reais, bem de acordo com os interesses da Armada de então. Por essa razão é de extremo valor histórico o depoimento prestado em 1968 pelo principal personagem daquele movimento, João Cândido Felisberto, ao jornalista e escritor Edmar Morel que escreveu uma obra fiel sobre o episódio, onde ele, o Almirante Negro, explica aquilo que poucos livros contam, sobre as torturas posteriores aplicadas aos revoltosos, um deles o próprio João Cândido:

João Cândido Felisberto, o Almirante Negro, que virou personagem de livros, reportagens em jornais e revistas, tema de músicas e cinema, foi discriminado e perseguido pela Marinha até sua morte aos 89 anos de idade. Nascido em Encruzilhada do Sul, no Rio Grande do Sul, morreu de câncer, pobre e esquecido, no dia 6 de dezembro de 1969 e foi sepultado em São João do Merití, Estado do Rio, onde residia há muitos anos. Por ocasião da data da Abolição da Escravatura, no dia 13 de maio de 2008, 39 anos depois de sua morte, a Câmara Federal aprovou a lei 11.756 de iniciativa do Senado, concedendo a anistia a João Cândido e a todos os seus companheiros que participaram da Revolta da Chibata. Seu nome ainda é reverenciado enquanto que os da oficialidade daquela época e dos que se alinharam posteriormente à torpe perseguição, ninguém sabe quem foram ou, no caso dos ainda vivos, quem são.
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