30 de novembro de 1979, chega à capital de Santa Catarina para uma visita protocolar de rotina o presidente da República, João Baptista de Oliveira Figueiredo, último dos cinco militares que governaram o Brasil desde a deposição de João Goulart em 1964. Figueiredo estava no governo há apenas 8 meses, tempo insuficiente para angariar a antipatia popular, portanto, não deveria ocorrer manifestação hostil a ele. Assim pensaram os organizadores da recepção, os arenistas Esperidião Amin e Jorge Bornhausen. Enganaram-se:
Figueiredo tinha ido a Florianópolis para conhecer o projeto de criação de uma indústria siderúrgica e para descerrar uma placa em homenagem ao marechal Floriano Peixoto, que deu nome à cidade. Ocorre que o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina organizou um protesto contra a ditadura militar e usaram a homenagem a Floriano Peixoto como desculpa, atribuindo a ele, em sua época, as mesmas arbitrariedades constitucionais praticadas pelo regime militar de 64. Da sacada do palácio do governo o presidente Figueiredo ouviu os protestos com certa tolerância até que os insultos pessoais envolveram sua mãe. Bem que a banda da Polícia Militar tentou encobrir o coro dos 4 mil estudantes:
General de Exército, oriundo da Arma de Cavalaria, o pavio do presidente Figueiredo era muito curto e ele então resolveu encarar a multidão que o insultava. Contrariando as ponderações de sua segurança, desceu as escadas do palácio e caminhou entre os manifestantes em direção a um famoso café do centro de Florianópolis chamado “Senadinho”. Na praça 15 de Novembro novas provocações, e o presidente respondeu:
A coisa não terminou por ai, além de agressões verbais teve também bofetadas entre os estudantes, os seguranças e o próprio presidente. A repercussão foi enorme e terminou com sete estudantes presos e indiciados pela Lei de Segurança Nacional. O episódio, registrado nos anais da política nacional, é conhecido como NOVEMBRADA. João Baptista Figueiredo, apesar desse início turbulento, terminou seu mandato e deixou o governo no dia 15 de março de 1985 e a vida no dia 24 de dezembro de 1999.