Há 85 anos era lançada no mercado a marchinha mais popular no Carnaval daquele ano, fruto de um episódio político histórico.
Foi o seguinte: no ano de 1933, o presidente Getúlio Vargas viu-se forçado a promover eleições para uma Assembleia Nacional Constituinte. Era o primeiro fruto da luta que São Paulo havia travado em 1932 contra o regime Vargas, exigindo a promulgação de uma nova Constituição e o retorno da democracia no País.
Entre outras exigências, a nova Carta Magna determinou a realização de eleições indiretas para o cargo de presidente da República. Getúlio, que já estava no Poder desde 1930, resolveu se candidatar. Aliás, somente ele se candidatou e os deputados constituintes referendaram o seu nome. De nada adiantou, como se vê, a perda de tantas vidas durante a Revolução Constitucionalista de 32.
Para ter seu nome referendado pelos constituintes, Getúlio se comprometeu a realizar eleições para sua sucessão em 1938. Um ano antes, 1937, três nomes surgiram como candidatos: Armando de Salles Oliveira, que o povo carinhosamente chamava de “seo” Manduca, Oswaldo Aranha, na intimidade tratado por Vavá, e, é lógico, novamente ele, Getúlio, apelidado de “seo” Gegê.
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As especulações eram tantas e as informações tão desencontradas, além da expectativa de que Getúlio (foto abaixo) à última hora pudesse aplicar um novo golpe, que o jornal A Noite, do Rio de Janeiro promoveu um concurso de músicas carnavalescas explorando esse assunto tão discutido na ocasião.
Venceu a dupla Cristóvão de Alencar e Antonio Nássara com a marcha A Menina Presidência. Nássara, extraordinário caricaturista e compositor, deu uma longa entrevista ao programa Memória, da rádio Bandeirantes, explicando os detalhes daquele concurso:
E Getúlio, ao decretar o Estado Novo permaneceu no Poder por mais 8 anos, até 1945 quando foi deposto por uma junta militar. Ao todo, foram 15 anos exercendo o mandato pelo arbítrio.
Em 1950 Getúlio Vargas resolveu disputar novamente o cargo, agora pelo voto popular. Ganhou estourado, com quase o dobro da votação obtida pelo segundo colocado, brigadeiro Eduardo Gomes, porém não terminou o mandato. Ameaçado de nova deposição, agora por causa de denúncias de corrupção em seu governo, acabou se suicidando no dia 24 de agosto de 1954.