Morte cancela apresentação de artista na Rádio Bandeirantes

Sepultamento de Francisco Alves – Reprodução

No ano de 1952, o cantor João Dias, que era chamado de Príncipe da Voz, em alusão à semelhança de sua voz com à de Francisco Alves, que ostentava o título de Rei da Voz, foi contratado pela Rádio Bandeirantes, onde se apresentava todas as quartas-feiras num programa ao vivo com presença de público no auditório da emissora, que ficava na rua Paula Souza, região do mercado central. O próprio Francisco Alves tinha feito uma temporada na Bandeirantes no começo daquele ano de 1952.

No dia 27 de setembro, ao retornar ao Rio de Janeiro após um show no largo da Concórdia, o carro do cantor colidiu com um caminhão na Via Dutra e pegou fogo. Chico, aos 54 anos de idade, morreu carbonizado, prensado nas ferragens de sua Buick, causando uma comoção nacional. O corpo foi velado na Câmara Municipal do Rio e sepultado na segunda feira, dia 29. Segundo os jornais da época, jamais se viu tamanha multidão e tantas cenas comoventes como no sepultamento do artista, estimando–se entre 400 e 500 mil pessoas acompanhando o féretro.

Francisco Alves participaria do programa de João Dias. A atração foi ao ar, mas sem Alves.

A Rádio Bandeirantes, enfrentando as dificuldades técnicas gigantescas da ocasião, fez um trabalho de cobertura de enorme repercussão tendo à frente o repórter José Carlos de Moraes, o Tico-Tico:

Neste 29 de setembro de 2020, são decorridos 68 anos do sepultamento, no cemitério de São João Batista, no Rio, de um dos artistas mais populares de toda a história da MPB, Francisco Alves, o Rei da Voz. Eram tantas as flores que a multidão atirava sobre o carro do Corpo de Bombeiros que conduzia o cantor a sua última morada, que logo estas cobriram totalmente o caixão, cena jamais repetida no Brasil, nem mesmo nas mortes de Rui Barbosa em 1923, Carmen Miranda em 1955, Getúlio Vargas em 1954, Juscelino Kubitscheck em 1976, Elis Regina em 1982 e Tancredo Neves em 1985.

Comentários (2)

  • Programa sensacional, eu ouvi a reprise agora em 2020, mais vejo que e muita cultura de um tempo que as pessoas era diferentes, ou seja, éramos mais apegados ao semelhante e mais aculturados hj a juventude caiu numa era mefieval

  • Milton Parron, parabéns pelo excelente trabalho que o senhor realiza ao preservar a memória da história brasileira. Uma ocasião o senhor apresentou uma série com a história do Francisco Alves. Já tentei ouvir novamente, mas não encontrei nos arquivos do Programa Memória.

Advertisement