Mil motivos para acabar com o complexo de vira-latas

Dr. Silvano Raia

Foi o jornalista e escritor Nelson Rodrigues quem pela primeira vez rotulou o brasileiro de sofrer de complexo de vira-latas. Em verdade ele se referia ao trauma, nunca superado, motivado pela derrota do Brasil para o Uruguai no Mundial de 1950, porém a alusão virou uma espécie de marca registrada do perfil  do brasileiro em geral.    

Para não citar muitos outros exemplos que, ao contrário, elevam a autoestima, basta lembrar os trabalhos pioneiros do professor Silvano Mário Atíllio Raia, paulistano, nascido em 1930, um dos médicos do Brasil com maior reputação no exterior. Seu prestígio equipara-se ao de seus colegas Euríclides de Jesus  Zerbine, Geraldo de Campos Freire e Adib Jatene. 

Doutor pela Universidade de Londres, foi professor durante muitos anos na Faculdade de Medicina da USP, tendo sido seu diretor entre 1982 e 1986.  O doutor Silvano Raia, atualmente com 91 anos de idade, foi o primeiro cirurgião da América Latina a realizar um transplante de fígado em 1985, no Hospital das Clínicas. 

Foi, também, o primeiro do mundo a realizar o mesmo transplante, porém, entre pessoas vivas, no dia 08 de dezembro de 1988 no mesmo Hospital das Clínicas.  A rádio Bandeirantes acompanhou cada momento desta última operação que, infelizmente, não teve o desfecho que se esperava:

A técnica cirúrgica não mudou, o que cresceu foi o arsenal medicamentoso para dar combate principalmente ao processo de rejeição de órgãos transplantados. 

Hoje em dia o transplante hepático intervivos é quase uma rotina graças às pesquisas do professor Silvano Raia e dos médicos que integravam a sua equipe.  Contrariando o grande Nelson Rodrigues, se é para ter complexo que seja o de superioridade, e temos muitos mais motivos para isso. 

Comentários (1)

  • Parabéns pela matéria. Realmente temos que dar mais valor ao que somos, conquistamos, desenvolvemos e criamos. O Brasil é um país maravilhoso, abençoado por Deus e bonito por natureza, uma pena que os Brasileiros não consigam ver quanto somos favorecidos.

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