MEIO SÉCULO DA ÚLTIMA QUARTELADA

Crédito: 01.abr.64/Folhapress

Há 50 anos ocorria no Brasil o episódio político de mais longo efeito em toda a história da nossa República. Nem mesmo a ditadura Vargas, estabelecida em 1930 com a deposição de Washington Luiz, durou tanto quanto o período ditatorial militar que sobreveio à deposição do presidente João Goulart em março de 1964.

O governo Goulart, por razões que não importam nesta evocação, estava envolvido numa grande crise política e, para entornar o caldo de vez, por pura bravata ou elevado espírito público, não se sabe, na qualidade de chefe de Estado resolveu anistiar os suboficiais e sargentos que tinham sido punidos por agressão à hierarquia militar pelo fato de terem promovido um almoço de desagravo ao chefe de governo, que, diga-se, nunca fora bem visto pela alta oficialidade das Forças Armadas. Ao tomar conhecimento de tal punição, Jango, como era conhecido, não satisfeito em conceder a anistia também compareceu a uma assembleia promovida pelos punidos e a posição que assumiu publicamente decretou o seu destino:

No dia 31 de março de 1964 começou a mobilização de tropas militares partindo de Minas Gerais rumo ao Rio de Janeiro, sob o comando dos generais Carlos Luis Guedes e Mourão Filho ao mesmo tempo que contingentes de São Paulo comandados por Amaury Kruel também se deslocavam para o Rio. Não teve derramamento de sangue naquele momento e tudo foi rápido demais. O sangue de muita gente seria derramado, porém, nos anos seguintes a partir da deposição de João Goulart e do estabelecimento de um regime de governo que se estendeu por mais de 20 anos durante os quais cinco presidentes, todos generais de Exército, se revezaram no Poder, nenhum deles eleito pelo voto direto da população.

Advertisement