Bobo não é o eleito, bobo é quem o elege

Lino de Matos

A política e os políticos brasileiros merecem um estudo aprofundado dos eleitores, antes de direcionarem os seus votos. São inúmeros os exemplos de candidatos que se elegeram para os mais diversos cargos e, depois de eleitos, não cumpriram os mandatos porque surgiram oportunidades para um salto maior.

Para não ficar nos exemplos recentes, vamos recuar a maio de 1955 quando foi realizada uma eleição suplementar porque o prefeito Jânio Quadros havia renunciado ao cargo para se candidatar ao governo do Estado e, como ele, também procedeu o vice Porfírio da Paz.

Entre outros postulantes à prefeitura, apresentou-se Juvenal Lino de Matos, tendo como seu vice Wladimir de Toledo Piza. No dia 20 de maio de 1955 Lino fez seu último comício antes da eleição, jurando de pés juntos que, se eleito, cumpriria seu mandato integralmente, nem um dia a mais, nem um a menos:

Lino de Matos era senador desde o ano anterior e jurou, como vocês ouviram, que deixaria o Senado caso fosse eleito prefeito de SP. Foi eleito e no mês de junho, cumprindo a promessa, afastou-se do Senado para assumir a prefeitura da Capital.

Acontece que, em abril do ano seguinte, menos de 10 meses como prefeito, renunciou ao cargo devido ao parecer da Comissão de Constituição e Justiça do Senado manifestando-se contra o acúmulo dos dois mandatos, o de senador e o de prefeito, os quais vinha exercendo com a maior desfaçatez.

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Na iminência de ter de renunciar a um dos cargos, Lino de Matos não pensou duas vezes: como prefeito teria mais um ano de mandato e como senador mais seis anos.

Lá se foi a declaração de amor pela cidade e de respeito ao voto dos eleitores. Já que não poderia exercer os dois cargos simultaneamente, e claro, receber os dois vencimentos, que se danem as promessas de palanque!

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