No dia 30 de dezembro de 1976, Fernando do Amaral Street, o “Doca” Street, após intensa discussão com sua namorada, a socialite Ângela Diniz, desferiu quatro tiros contra ela. O crime foi no balneário de Búzios e teve repercussão nacional. O julgamento do réu ocorreu no dia 18 de outubro de 1979, no fórum de Cabo Frio.
Poucas vezes no Brasil um júri foi tão tumultuado e tão concorrido, com o promotor de Justiça Fador Sampaio se desentendendo a todo instante com um dos assistentes de defesa, dando grande trabalho para o juiz presidente do Júri, Francisco Mota Macedo, manter a ordem. Porém, dois gigantes do Direito Criminal, Evandro Lins e Silva, defendendo o réu, e Evaristo de Morais Filho, atuando como assistente de acusação, é que roubaram a cena durante os debates.
Vários flashes do julgamento foram transmitidos pela rádio Bandeirantes. De uma esperteza incomum, Evandro Lins e Silva, num certo momento de sua oratória, garantiu que se tratava do último júri de sua carreira e dele somente aceitara participar para impedir um inocente de ir para a cadeia. Evaristo de Morais Filho mordeu a isca
Jocoso, afirmando que Romeiro Neto também passara cinco anos afirmando a cada julgamento que seria seu último júri, Evaristo de Morais preveniu os jurados de que o defensor Evandro Lins e Silva era um mágico.
A sentença comprovou sua afirmação, pois, condenado a tão somente dois anos por homicídio culposo e imediatamente beneficiado pelo sursis, Fernando “Doca” Street saiu pela porta da frente do fórum, onde voltaria dois anos mais tarde para novo julgamento, quando então receberia a pena definitiva de 15 anos de reclusão.