O Palmeiras de hoje não é uma pálida lembrança do grande Palmeiras de 1965 cujo futebol era tão exuberante que coube à ele representar o Brasil em dois amistosos internacionais, vencendo a ambos, Paraguai por 5 a 2 e Uruguai por 3 a 0. O jogo contra a seleção uruguaia foi no dia 7 de setembro de 1965 em Belo Horizonte, inaugurando o estádio Magalhães Pinto, o Mineirão. O “periquito” vestiu-se de “canarinho” e todo seu elenco, incluindo massagista e técnico, representou com grande dignidade o futebol brasileiro naqueles dois jogos:
O Palmeiras era chamado de Academia de Futebol. Seu técnico, o argentino Nelson Ernesto Filpo Nuñes havia implantado um estilo de jogo avassalador que impunha goleadas implacáveis aos seus adversários, com um estilo que Filpo ora denominava de carrossel, e, quando variava, chamava de “pim-pam-pum” para melhor compreensão de seus jogadores. Esse técnico que deu tantas glórias ao Palmeiras, incluindo a suprema honra de representar o Brasil por causa de seu futebol primoroso, um dia foi dispensado, destino alías, de todos os técnicos. Só que Filpo era diferenciado, gostava do Palmeiras, acabou não dando mais certo em clube algum e acabou relegado a um segundo plano, perdendo o pouco que tinha e, por fim, morando de favor na casa de um projeto social existente na comunidade de Heliópolis. Nada disso, porém, o importunava tanto quanto a ingratidão do esquecimento. Até sua foto foi retirada da sala de troféus da S.E.Palmeiras, muitos dos quais conquistados graças à sua direta participação. Isso feriu muito a sua sensibilidade como contou a mim e ao repórter Alex Müller que o convenceu a participar de um programa noturno da rádio Bandeirantes, Balanço Geral, em janeiro de 1999, algumas semanas antes de seu falecimento:
Filpo Nuñes é hoje um retalho de imensa saudade daquele Palmeiras, que, treinado por ele, foi o melhor numa época em que o Santos de Gilmar, Pelé, Coutinho e Pepe e o Botafogo carioca de Manga, Nilton Santos, Didi, Garrinha eram considerados invencíveis. Em seus últimos tempos de vida treinava os meninos e meninas pobres da comunidade onde ele estava morando. Após sua morte, em março de 1999, em reconhecimento à sua dedicação e generosidade deram o nome de Filpo Nuñes ao Centro Esportivo de Heliópolis.
Comentários (1)
Lembrança mais que merecida . Tanto que foi difícil localizar uma foto da SE Palmeiras daquele jogo pela CBF , em que o técnico Filpo Nuñes esteja incluído . Vivenciei essa época e se não fosse a SE Palmeiras , o Santos teria sido campeão paulista sucessivamente de 1958 até 1969 .Dai a Cesar o que é de Cesar .