DISTORÇÃO DE UMA PALAVRA PROVOCA DERROTA DO CANDIDATO FAVORITO

Getúlio Vargas foi deposto no dia 29 de outubro de 1945, tendo assumido a chefia de governo, provisoriamente, o presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linhares. Foi ele quem marcou novas eleições presidenciais para o dia 02 de dezembro daquele mesmo ano. A população, depois de 15 anos de ditadura,  regime durante o qual o Brasil ficou sem eleições,  já havia desaprendido de como votar. Por essa razão, o rádio e os cinejornais  exibidos nos cinemas antes dos filmes tiveram grande importância para que a Justiça Eleitoral ensinasse, passo a passo, o processo de votação, lembrando que televisão ainda não existia no Brasil:

Participaram daquela eleição o Brigadeiro Eduardo Gomes, Yedo Fiúza, Mario Rolim Teles e o Marechal Eurico Gaspar Dutra.  Numa hábil manobra comandada pelo político Hugo Borghi, engajado na campanha de Dutra, uma frase proferida num comício pelo candidato que liderava a preferência do eleitorado, Eduardo Gomes, foi distorcida e usada em favor de Dutra.  Disse ele “que não precisava dos votos da malta de desocupados que apoiava o adversário”. Borghi distribuiu milhões de panfletos pelo Brasil afora e deu entrevistas em rádios, jornais e revistas afirmando que o Brigadeiro tinha dito que não precisava de votos de marmiteiros, quando em verdade tinha usado a expressão malta.  Como se não bastasse a inversão, transformou a marmita em símbolo da candidatura Gaspar Dutra:

A distorção de uma frase e a capitalização da mentira que se produziu acabou com as possibilidades do Brigadeiro Eduardo Gomes conquistar a presidência da República em 1945.  Ganhou o Marechal Eurico Gaspar Dutra, com 55% dos votos, enquanto o Brigadeiro recebeu 34%, ficando em segundo lugar. Yeddo Fiuza, com somente 9%, ficou em terceiro.

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