Waldir Peres de Arruda, goleiro do São Paulo e da seleção brasileira, à exemplo de Moacir Barbosa, do qual falamos em matéria recente, também foi referência como atleta e como cidadão. Mas, por causa de um lance infeliz, ficou rotulado pela vida afora como “frangueiro”, isto é, defendia as bolas difíceis mas aceitava as de fácil defesa.
Isso não corresponde à verdade. Afinal, jogando pelo São Paulo entre 1973 e 1984 e pela seleção nas Copas do Mundo de 1974, 1978 e 1982 (a última delas como titular), contam-se nos dedos as bolas defensáveis que ele deixou passar.
Mas (e sempre tem um um nossas vidas) o mas da vida de Waldir Peres foi no Mundial de 1982, na Espanha, quando o Brasil enfrentou a União Soviética na cidade de Sevilha. Aos 35 minutos da etapa inicial, de fora da área, o meia campista Andrey Bal abriu a contagem para os soviéticos. Chutou por chutar, para se livrar da bola, e o inacreditável aconteceu. O locutor da Bandeirantes, saudoso Fiori Gigliotti, como era de seu caráter, não achincalhou. Pelo contrário, foi respeitoso e compreensivo ao narrar o lance e descrever a incrível falha de nosso arqueiro Waldir Peres:
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O lance infeliz em que Waldir Peres não interceptou a bola fácil chutada pelo soviético Andrey Bal não apagou a sua carreira, mas tirou boa parte do seu brilho. Vida de goleiro é assim: pode-se fazer 200 defesas durante o jogo, uma única falha, porém, é suficiente para estigmatiza-lo para sempre. Afinal, no pequeno espaço que o goleiro ocupa no campo de jogo, nem grama nasce!
Waldir Peres, um grande goleiro, defendeu além do São Paulo, também a Ponte Preta, América do Rio, Guarani, Corinthians, Portuguesa e Santa Cruz. Ele faleceu há cinco anos, em julho de 2017, vitimado por um infarto aos 66 anos de idade, na cidade de Mogi Mirim, no interior paulista.