CENSOR, CAPACHO DE PLANTÃO

 

censura
E o Brasil, com crise e tudo, já está nas ruas comemorando o carnaval, hoje muito mais nas ruas do que nos salões, até porque na via pública não é preciso pagar ingresso a não ser para ver as escolas de samba. No passado os bailes com grandes orquestras e as marchinhas apropriadas para os festejos é que dominavam. Vez por outra tinha música censurada e por razões que hoje fariam sorrir bondosamente um monge beneditino. Vamos pinçar um exemplo dos arquivos do Centro de Documentação e Memória – o CEDOM da Rádio Bandeirantes. Véspera do carnaval de 1952, repórter José Carlos de Moraes:

Como se observa, ofensa a moral e aos bons costumes contida na letra dessa marchinha chamada Apanhador de Papel, composta por dois ases, Peter Pan e Afonso Teixeira, gravada não por dois mas logo por Quatro Ases e de quebra Um Coringa, para os padrões atuais inexiste:

“Ai que vida triste tão cruel
Tem o homem que apanha papel
Sua profissão é um buraco
Só pode ir prá casa
Depois de encher o saco”

A última linha da letra é que encheu o saco dos censores que, numa simples canetada, proibiram a execução da marchinha numa época em que já não havia censura no Brasil, embora fosse Getúlio, o rei das proibições, que novamente estava no Poder.

Milton Parron

Milton Parron começou a carreira em 1960 e testemunhou os grandes acontecimentos policiais, esportivos, políticos e culturais em São Paulo e no Brasil. É um dos maiores repórteres da história do rádio brasileiro.

Adicionar comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Milton Parron começou a carreira em 1960 e testemunhou os grandes acontecimentos policiais, esportivos, políticos e culturais em São Paulo e no Brasil. É um dos maiores repórteres da história do rádio brasileiro.

Your Header Sidebar area is currently empty. Hurry up and add some widgets.