Blog do Milton Parron

Quem afirma que textos literários não são adequados para o rádio, certamente nunca ouviu falar do “moço de Barra Bonita”, Fiori Gigliotti  ou  no  mínimo  desconhece que  crônica é uma modalidade do gênero  de  prosa poética.

Fiori, um dos locutores esportivos ainda hoje muito  reverenciado,  apesar de falecido há quase 10 anos, narrava jogos de futebol  com invulgar emoção arrancando do fundo da alma expressões  que se eternizaram na memória do torcedor.  Era sua especialidade brincar com a sensibilidade das pessoas e foi  justamente com  essa  intenção  que,  na década de 70,  ele resolveu  ler  uma crônica, todos os domingos,  denominada  “Cantinho da Saudade”, uma espécie de preliminar das transmissões esportivas  da rádio Bandeirantes.  Ele só não contava com o sucesso que acabaria alcançando  o “Cantinho da Saudade” alavancando audiências nunca antes alcançadas pelas  jornadas esportivas da emissora.   Nessa crônica o saudoso Fiori descrevia, de forma metafórica e carregada  de expressões carinhosas, a trajetória de grandes astros do futebol,  quase sempre encerradas de forma melancólica.

Uma das crônicas inesquecíveis do “Cantinho da Saudade” foi apresentada  no mês de junho de 1983 em homenagem  a  “Mané Garrincha” que havia falecido no dia 20 de janeiro daquele ano:

O “Cantinho da Saudade”  não  era uma crônica apenas lida, como também escrita pelo extraordinário Fiori Gigliotti, embora  ele improvisasse a maior parte da narrativa.  No Centro de Documentação e Memória da rádio Bandeirantes – CEDOM – existem várias  delas arquivadas onde foram homenageados atletas, dirigentes esportivos, profissionais do rádio e até alguns políticos