Para a sua sucessão na presidência da República, o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco indicou seu ministro da Guerra marechal Arthur da Costa e Silva, nome que não tinha bom trânsito na ARENA causando, com isso, uma cisão interna no partido do governo.
Para tentar apaziguar os descontentes o presidente Castelo Branco veio a São Paulo em setembro de 1966 e deu-se, então, um fato inesperado. Acostumados com a aversão do presidente por entrevistas ou pronunciamentos públicos, assim que terminaram seus compromissos naquela viagem e a comitiva rumou para o aeroporto de Congonhas onde ele embarcaria de volta à Brasília, os jornalistas abandonaram a cobertura e cada um seguiu para sua redação para fechamento da matéria. Como minha emissora ficava ao lado do aeroporto continuei com o meu trabalho até o fim. Para minha surpresa, e susto, já no saguão de autoridades de Congonhas, lotado de figurões da política nacional, o presidente resolveu dar entrevista.
Sabedor de que não havia um único jornalista presente, a não ser eu mesmo, o chefe do cerimonial do Palácio dos Bandeirantes pediu que me aproximasse de Castelo Branco, o que fiz muito ressabiado, afinal sua rigorosa segurança exercida por militares fardados do Exército e da Aeronáutica escolhidos a priori pela altura mínima de 1 metro e 90, tinha uma predileção fantástica por dar ordens a jornalistas, invariavelmente acompanhadas de algumas bordoadas.
Trêmulo pelo noviciado, pelos olhares atentos dos presentes e pela minha visão dos cassetetes, fiz apenas três perguntas e o presidente Castelo Branco respondeu-as com um resumo de sua visita a São Paulo realizada com a clara missão de apaziguar os ânimos por aqui e impor o nome do marechal Costa e Silva para a sua sucessão na presidência da República:
Foi a primeira, e única, entrevista que fiz com o presidente Castelo Branco. Foi um dos primeiros trabalhos como repórter de geral uma vez que os cinco anos iniciais de minha atividade no rádio tinham sido na área esportiva. Um verdadeiro batismo de fogo!
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