ARMANDINHO ERA PARTE DO ESPETÁCULO

Faleceu dia destes o mais famoso árbitro de futebol do Brasil, Armando Marques, que estava com 84 anos de idade. Ele não foi apenas um ótimo mediador como também criou um estilo de apitar jogos até hoje não igualado. Com uniforme impecavelmente passado, cabelos penteados e fixados a gel como se fosse à uma festa de gala, assim Armando, ou Armandinho como gritava o público, entrava em campo para arbitrar as partidas. Para ele não havia distinção entre clássicos, jogos decisivos ou simples amistosos de equipes menores, o ritual era sempre o mesmo elegância e bom visual acima de tudo. Aliás, o mesmo exigia dos jogadores reprimindo aqueles que estivessem com meias baixadas ou camisa fora do calção. Era espalhafatoso, teatral mesmo, nos gestos apontando as faltas. Mas não se pode negar que foi um dos melhores árbitros de futebol do Brasil em todos os tempos. Assim como Gilmar dos Santos Neves é a referencia quando se quer elogiar um bom goleiro, Armando Marques é a adjetivação máxima para se elogiar uma arbitragem excepcional. Mas era polêmico ao extremo, criava com certa constância situações desnecessárias e não fazia segredo quando algum fato o desagradava botando logo a boca no mundo não importando a quem atingisse as suas declarações. Para ilustrar, dos arquivos do CEDOM, destaco um jogo realizado no dia 07 de dezembro de 1967, decisivo pelo campeonato paulista da primeira divisão entre Paulista de Jundiaí e Ferroviário de Araçatuba, no Pacaembú. Antes de começar o jogo, no centro do campo, Armando resolveu expor sua contrariedade ao tomar as dores de dirigentes esportivos que estavam sendo acusados de “ladroeira” – novidade! Além disso, implicou-se com o uniforme do Ferroviário, único levado para o jogo. Buscar outro na sede do clube era impossível, afinal Araçatuba está muito distante da Capital:

O jogo Paulista de Jundiai x Ferroviário de Araçatuba foi vencido pelo primeiro, por 2 a 0. O repórter da rádio Bandeirantes escalado naquela tarde foi Luis Augusto Maltoni e a narração de Borghi Júnior. Armando Marques, agora uma saudade, deixou um grande vazio nos campos de futebol.

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