O senador José Sarney foi um daqueles que exagerou nos elogios ao presidente da República João Baptista de Oliveira Figueiredo, quando este enviou, em 1979, seu Projeto de Anistia ao Congresso Nacional. Na ocasião José Sarney era presidente da Arena, partido do governo:
Decorrido um tempo relativamente curto, ninguém poderia imaginar que José Sarney, após tanta louvação, abandonaria a Arena para se filiar a outro partido, o MDB, que era o de oposição ao governo. Lembrando que na ocasião só existiam duas agremiações políticas: Arena e MDB. E mais surpreendente ainda, é que Sarney se candidatou à vice-presidência da República, na eleição para a sucessão de Figueiredo, na chapa encabeçada por Tancredo Neves – ou seja, tornou-se opositor ao candidato a quem prodigamente enaltecera em tempos recentes.
Para fortalecer ainda mais a desavença entre os dois, o destino deu um pitaco nessa história: é que na véspera de sua posse, o vencedor daquela eleição, Tancredo Neves, precisou ser hospitalizado com um quadro de diverticulite aguda e incumbiu ao vice Sarney receber a faixa presidencial. A mágoa e a raiva de João Batista Figueiredo impediram que ele participasse da cerimônia de transmissão do cargo para não ter de encontrar-se com José Ribamar Ferreira de Araújo, nome civil de José Sarney.