ADONIRAN, O AUSENTE SEMPRE PRESENTE

Decorreu em novembro o aniversário de morte do Adoniran Barbosa, que nos deixou em 1982, portanto lá se vão 36 anos. Além dos sambas de meio de ano, quase sempre retratando à sua maneira os problemas sociais urbanos, Adoniran também andou compondo umas poucas músicas para o carnaval. Todo mundo se lembra do Trem das Onze, que virou sucesso de carnaval, mas não foi composta nem gravada com essa intenção – era música de meio de ano. Já, Malvina, sim, e até ganhou um concurso de músicas carnavalescas promovido por um jornal paulistano em 1952. Foi a primeira música do Adoniran, entre dezenas que viriam mais tarde, gravada pelo grupo Demônios da Garoa:

O sonho do Adoniran era ser cantor, e bem que tentou, mas não havia jeito de emplacar. E vejam como é o destino. Em 1951 ele gravou um disco trazendo no lado A uma marcha rancho chamada Mimoso Colibri e do outro uma tal Saudades da Maloca. Não vendeu nem o suficiente para o cigarro, aliás, ele fumava como um desesperado. Quatro anos mais tarde o pessoal dos Demônios resolveu desengavetar a faixa B desse disco encalhado e, então, o Brasil adotou para sempre esse samba que tem a cara do Adoniran, a cara de São Paulo, a cara dos cortiços de antigamente. Para testar seus conhecimentos musicais, ouça um trecho da gravação original, o maior fracasso de vendas da carreira de Adoniran até aquela ocasião:

Uma das marcas registradas do Adoniran era sua capacidade de escrever letras de músicas cheias de erros gramaticais e até nisso ele foi genial porque, como dizia: “é preciso saber escrever errado. Não é qualquer um que tem essa capacidade”. E é verdade. Letra do Adoniram, sem erro de português, não tem a menor graça enquanto que uma pequena falha gramatical na letra de qualquer outro compositor, condena o coitado a posar pelo resto da vida como “táuba de tiro ao árvaro”

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