Inimizade só enquanto dura o jogo

Para os que permaneceram, predomina a alegria de mais um obstáculo vencido, para os desclassificados a tristeza da derrota e a frustração por não terem mais a possibilidade de conquistar a taça. Copa do Mundo é assim mesmo. Nenhum dos participantes está livre dos dissabores, assim como todos tem a possibilidade de festejar, ou seja, as oportunidades são iguais. O mais importante, porém, ao longo de quase 90 anos de disputas, são as demonstrações de solidariedade e de carinho daqueles que vencem para com aqueles que perdem. Um bom exemplo, que permanece na memória, foi o carinho e o respeito demonstrado pelos uruguaios quando derrotaram nossa seleção em pleno Maracanã conquistando o mundial de 1950. No mesmo dia os jogadores da celeste retornaram ao seu país e durante toda a noite e madrugada receberam homenagens pelas ruas e avenidas de Montevidéu onde desfilaram, culminando a festa no estádio Centenário, que por sinal foi o palco do primeiro mundial, em 1930. Pela rádio Sport de Montevidéu comandando uma cadeia de emissoras espalhadas pela América do Sul, a imprensa e os dirigentes do futebol uruguaio proporcionaram aos brasileiros a última grande emoção daquele mundial de futebol que foi sediado em nosso país:

Ao longo de 21 mundiais de futebol realizados a cada 4 anos, desde 1930, excluindo dois que foram suspensos por causa da segunda guerra, o Brasil foi o único País que participou de todos eles e, também, o que mais títulos conquistou, cinco no total. Muitas vezes, mesmo não chegando ao título, nossa seleção encantou o mundo com o seu futebol, outras vezes frustrou sua própria torcida. Mas as emoções, especialmente aquelas que são proporcionadas pela solidariedade dos adversários, sem dúvida ajudam muito a superar as frustrações das derrotas, como ocorreu em 1950 com as demonstrações de carinho dos nossos amigos uruguaios.

Milton Parron

Milton Parron começou a carreira em 1960 e testemunhou os grandes acontecimentos policiais, esportivos, políticos e culturais em São Paulo e no Brasil. É um dos maiores repórteres da história do rádio brasileiro.

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Milton Parron começou a carreira em 1960 e testemunhou os grandes acontecimentos policiais, esportivos, políticos e culturais em São Paulo e no Brasil. É um dos maiores repórteres da história do rádio brasileiro.

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